ape

o desarranjo poético

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

e o céu só chora.


mas desta vez


nao sozinho

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

texto que quis acabar em duas linhas.

será que são de tinta esses olhos que me encaram?  são de uma beleza difícil e amarga, tímida e cruel.  Se confundem, às vezes, com o vazio da sala, e outras vezes, com a escuridão do céu

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

terça-feira, 30 de novembro de 2010

piazzolla.

 o violino, desolado, chora lágrimas porteñas.

merda

       Insosso, ando poeta ruminante.  Dia após dia a procurar em toda situação aquela que me dê um poemeto  -no mínimo- bom.  Melhor que ruminante, sou poeta cafetão, que a cada trago barato sai um verso gratuito, torto e inacabado, apenas para lamber o saco de minha vaidade.  Falando em meu saco, sempre tive a curiosidade de saber como é sentí-lo raspado, talvez o lance da vaidade seja ainda mais prazeroso.  Divagações à parte, voltemos a prostituição poética.  É isso aí, vendo meus versos como venderia meu cu.  Falando em meu cu, gostaria de deixar claro que a citação do mesmo anteriormente foi mera utilização de figura de linguagem pois por ele sempre tive demasiado respeito e apreço.
           Espero que aqueles que têm como sina escrever compreendam minha frustração.  Dificuldade para achar temas não existe, difícil é como enfeitar esse tema, como romantica-lo.   Nova musa ou novo ópio? quem sabe pode até ser soluçao..  Ócio?  talvez.   Minha criatividade está acorrentada em algum banheiro sujo, completamente nua e de nariz escorrendo.  Meus pensamentos ululam, mas minhas mãos falham.

a realidade é que entre a ideia e a execuçao...


existe um puta abismo.

sábado, 20 de novembro de 2010

meus pequenos problemas parecem tão maiores quando tenho um violão em mãos.
parece que tudo que eu não podia ouvir é dito-por mim- sem interrupção.  Será a música algum tipo de tortura?  Você nao deveria, mas diz..  todas aquelas coisas que ninguem quer ouvir.  Você acaba tocando para as paredes algum tipo de melodia disritmada, preenchida por palavras quase que balbuciadas. Mas faz tudo com uma sede insensata, e capricha na cantada barata.  Cantada que vira poema.  e vira sambinha... e vira cachaça.. e vira cerveja suada.  Fiz de umsamba choroso






balada.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

maldita seja a mente inquieta e suas manias!  dá-me, alguém, um pouco do azul da monotonia.

domingo, 31 de outubro de 2010

Nunca é tempo demais até para os imortais.

sábado, 30 de outubro de 2010

um babaca incorrigível

No meu caderninho de pensamentos desenho impaciente qualquer coisa.  Já é meu quarto expresso e tenho de continuar pedindo pois conheço o lugar, a balconista é uma vaca.  Queria poder acender um cigarro aqui, sinto minhas mãos geladas, talvez seja o mármore da mesa ou o frio que faz lá fora, o que na realidade não importa, meu cigarro não vai ser acendido.  Escuto uma risada vindo por de trás de mim.  No que me viro reconheço a dona da risada, velha conhecida, e ela ri ainda mais devido a minha cara de surpresa e minha costumeira falta de jeito.  Convido-a para sentar e ela delicadamente senta-se a meu lado.  Aquela trágica conversa de amigos que não se veem faz algum tempo começa.  Bem de saúde?  E a família?   Separou-se?  Uma pena.  Tento jogar algumas lembranças de nossa adolescência: os psicotrópicos, os casais, os shows, os sonhos... mas em nosso passado não ouso tocar, seria rude e eu não saberia como agir.  Se casei?  Não.  Crianças?  Só meus alunos.  Continua fumando pelo jeito?  Certos hábitos permanecem, querida.  Vejo que café é ainda o seu preferido.  Você é uma ótima observadora.
Falamos um pouco de política, flertamos um pouco os avanços da ciências e damos uma rápida passada pela história.  Ela desata a falar de um livro que estava lendo, um do naipe de Machado de Assis se entendi bem, não consegui acompanhar, pra falar a verdade não conseguia parar de prestar atenção nos beijos que os cílios dela davam com o vapor fumegante de seu capuccino que recém chegara.  "Querida, você pelo jeito continua com o hábito de ser linda", penso.  Quando dou por mim lá estava ela repetindo meu nome, com um semblante um tanto quanto preocupado.  Peço perdão pela ausência momentânea e tento por a culpa no excesso de stress.  Pergunte de novo.  Um livro?  Já escrevo o título pra você.
O assunto acabou agora, cada um se concentra em seu respectivo café quente.  Puxo do bolso de minha jaqueta uma caneta e no guardanapo escrevo.  Cuidadosamente o dobro junto de uma nota de cinco reais e deixo ao lado sua xícara.  Uma cara de espanto toma conta da calma que normalmente habita aquele rosto.  Beijo sua testa e chamo a vaca da balconista.  Desço as escadas suando feito um moleque que mostra a nota ruim ao pai.  Finalmente, na rua posso acender meu Lucky.  Me ponho a imaginar ela lendo minha cursiva mal feita e notando que aquilo é tudo menos o título de um livro.  Espero sinceramente que lembre das músicas que tocavam no nosso tempo e que não me ache um babaca por ter escrito aquelas bobagens sentimentais.  Da janela do andar de cima ela sorri para mim.

Só nós dois sabemos que esse sorriso é o máximo que posso roubar de você, sempre foi assim.

E terminamos com acenos falsos nosso dia, tão falsos quanto as mentiras que são nossas vidas.

A próposito, nao me julgue por ter apenas dado cinco reais, um babaca que se prese nunca pode terminar um encontro como cavalheiro.

sábado, 16 de outubro de 2010

Por que quando eu grito as pessoas me olham estranho?  


Por que eu me sinto mal com isso?


Por que ligar?


não me olhe assim seu babaca.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

a falsidade

É quando os dedos não se tocam no espelho.

rima sozinha.

Lá vem uma rima!
Sem pretensão
Sem ser  de ante-mão
Cuspida pra cima e pega com a mão.

Lá vem uma rima!
Agora no salão
Quando passa moça bonita
Vira canção

Lá vem uma rima!
Agora no chão
Quando passa sambista
Vira refrão

Lá foi a rima!
"Cadê?" gritou a multidão
Saiu pulando a bandida
Atrás de um coração.

ah que saudade.

            Algumas lembranças nossas são dignas da saudade.  Essas tem que ser aveludadas e um pouco amareladas pelo passado, se não trate de esquece-las.  Há quem diga que tem de ser azuladas ou em tons fortes de vermelho, todos uns tolos e mentirosos, pois só o gasto do amarelo tem um charme eterno, charme com cheiro de pó e mofo, charme com cara de ainda moço (em toda sua velhice), como goiaba madura que perdeu seu doce verde mas deixou a gostosura.  Creio ter me expressado mal e perdido sua atenção, leitor.  Mal nenhum há nisso, tratemos de recomeçar.  Amarelo, bingo!  essa é a cor para se lembrar.   Saudade e o amarelo combinam!  Incontestável afirmação, nem ouse.  Se quiser colocar alguns buracos nos cantos fique mais que à vontade, contudo saiba que são como cerejas num sorvete, coloque uma ou duas; não mais, pois ficará carregado demais.  (traças agradecem)
           Ainda me lembro das minhas primeiras saudades.   Saudade de casa, da mãe, da praia, dos primos então...  Saudade sentida quando se é criança, quando a densidade das coisas não importa se pudermos brincar lá fora por mais cinco minutos.  Tenho também algumas daquilo que é chamado pré-adolescência.  Essas praticamente se baseiam em amigos e projetos de amor e são com toda a certeza as mais embaraçosas, e que gerarão as mais prazerosas gargalhadas quando eu estiver velho e doido, só pela inocência de tudo aquilo.  Estou agora na época das saudades de recentes, afinal nem passei da adolescência ainda, o que me faz lembrar que um texto escrito por um dito adolescente jamais receberá crédito algum (a não ser que eu seja um viciado em craque que matou os pais).  De volta as saudades recentes.  
           São as mais simples, penso eu.  Além de serem sem limite de idade, tanto um velho moribundo quanto uma criança podem senti-las.  Um grandioso jantar, um dia inesquecível, uma pessoa muito bonita sentada na esquina, um pôr-do-sol, um beijo, um abraço, algo especial (nem que por um mero segundo).  Lá vou eu de novo como exemplo... sinto saudade de um dia na praia, e meu amigo, isso foi ontem!  Engraçado que não sei o que fez o dia tão especial.  Aparentemente normal, banho de mar, amigos, violão, pessoas feias e bonitas com pouca roupa, um dia de praia como qualquer outro.  E ai está a magia do negócio, esse desconhecer, esse não saber... apenas sentir em cada poro o momento, sem nenhuma espécie de reflexão.  Quem sabe demais enlouquece.  O divã do analista sabe tudo de todos,  e é infeliz o coitado.
           Infelicidade.  Tópico perigoso.  Alguns acabam entregando demais o jogo quando falam desse assunto.  É como quando se sai do banho para pegar o shampoo que acabou e se pensa que não é preciso  toalha no chão para chegar no armário, afinal são só alguns passos, é perto...  não tem como escorregar.  Alguns acabam de queixo quebrado.  Acredito que a saudade só pode ser infeliz se não vivida.  Explico sim.  Saudade do que não aconteceu, leitor.  Com dois dedos de arrependimento, um de impotência e sem gelo.  Aquela que desce ardida.  Que atormenta a todos e mata alguns (como sempre, os artistas).  Fora estas elas são todas lindas, momentos eternos em nossas vidas efêmeras.  Sonhos encarnados e cravados no ontem.  Instantes que poderiam ser vividos e revividos.

e eu?  eu voltaria pro amarelo daquela praia e viveria lá para sempre.

a inveja.

A inveja não mata.



Você que acaba matando.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

a noite das tartarugas.

Tua perna é tão fina, menina.
Mal ficas de pé, compasso.
Tens carinha de bala de hortelã
E na cabeleira, que lambe os ombros, laço.

Da tua mão, Fulana
saiem pequenas bolinhas furta-cor.
Tomam conta do espaço, flor cigana,
E beijam, suaves, a escuridão, feito história de amor.

Dance a ciranda, pequena,
pois a tua vida ainda é pão de ló.
E não tire o orvalho das pétalas, pois é lindo feito teu sorriso de poucos dentes.

Amei você por uma noite, um amor gostoso, coisa de pai.

Só perdão por não saber seu nome.

Obrigado.

nostalgia

hoje choveu com cheiro de passado e com um gosto doce, meio misturado, algo entre terra molhada e suco de uva.


veio diretamente da época em que brincar nas poças de lama não era ser louco, era apenas banho de chuva.
Escrevi um poema horrível.
Sempre que escreveres um péssimo poema, amasse-o.
O mundo não merece maus poetas.
O mundo não merece poeta algum.
Melhor que amassar é nem pensar em escrever, afinal nínguem liga para o que você pensa ou sente.
O mundo não precisa de ideias.
O mundo precisa, de verdade, é de gente.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

terça-feira, 28 de setembro de 2010

art

Arte.


Uma batalha interna




de consequências externas.


Arte.

sábado, 25 de setembro de 2010

chuchu, eu passo mal.

Nachos!  não sei o que fazer..
Faz algum tempo que ando completamente fora de mim
delirando em pensamentos distantes da realidade.

E nem há reflexão nesses meus momentos
eu simplesmente sonho ou percebo o que, de fato, existe lá fora (e aqui dentro)
Notei, hoje mesmo, que sou apaixonado por excessos.
É raro o instante que eu esteja feliz sem estar me excedendo em algum aspecto.
Não que haja alguma glória nisso tudo, pelo contrário, é deprimente.
Deprimente por não ter cara pra enfrentar meus medos, minha carência..  Basicamente é tudo uma fraqueza mental, um medo absurdo daquilo que está por aí.   Me falta hombridade para me virar sozinho.

Mas será que é apenas falta de coragem?  quem sabe pode ser azar.  seria um alívio.
Quem sabe eu possa ter, simplesmente, nascido errado.  Errado e pronto..  não há nada para se fazer.  é como querer que uma goteira pingue para cima, entendes?  Bom, eu já não sei de mais nada e talvez até nem faça mais sentido, talvez o que eu precise é um psicólogo, talvez até uma cama e um rémedio pra dormir.

eu não sei o que acontece, apenas sei que sinto saudade do sereno e do eterno -

do silêncio e do perto.

boa noite

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O mágico mistério.

Lentamente as pernas chegam, nuas.
Dobram-se, fracas.  Há então êxtase, misto de cor e fantasia.  Sorrisos bandidos e confissões diluídas em saliva e mentira.  Rápido torna-se em confusão, em sentimento que espuma, amargo, pelo canto da boca e grita calado sua indecisão.


As pernas já não importam,
bom mesmo agora são as mãos, que trocam tímidos afagos.
Momentos roubados.  
Mas subitamente o rubro empalidece.  Surge o bege. É frio e brando.
O calor da vida gela os dedos e faz bater o queixo.  
Rígido como louça.  
Fraco como louça.
E a brisa fresca sopra diplomática, definitivamente nada convidativa.


As pontas de meus dedos sugerem novo caminho,
ainda que totalmente apáticas.
Penso baixo em levantar, porém sou surpreendido por novas curvas. 
Uma cintura magra de silhueta esguia.  Demasiada tentação.


Dedos que viram mãos
Mãos que viram braços 
Braços que viram abraços
Abraços que viram beijos


O hálito é morno e molhado novamente.  
O gelo derrete e ferve.
É como sangue.
É louco.


Enfim minha vista torta enxerga algo,
uma cara de incógnita no fundo do inferno.
Forço, todavia beira o impossível definir a imagem que me encara.
Talvez nem eu acredite na beleza que ví.




As cores e as incógnitas. Um mágico mistério em minha vida errante.
Jamais perto o bastante para que eu possa entender.
Jamais longe o bastante para que eu possa esquecer.




Sem aviso, o mundo começa a girar e girar feito bailarina
E meu mágico mistério afunda.
Desaparece dando lugar à uma face estranhamente excitada e perturbada.




Deus, era pra mim que eu olhava






no reflexo turvo da água da privada.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

desilusão

          
Sabe quando você é pequeno e vai à praia e não consegue resistir a sedutora ideia de construir um castelo na beira d'água?  E que aquilo pra você é mais que um simplório castelinho de areia?  Você pensa, arquiteta, quebra a cabeça, pega gravetos, ergue cada viga, cada tijolinhos e chama os engenheiros pra dar o ok final, afinal não era uma boba brincadeira de criança.
          


Se lembra como era bom olhar para aquele vistoso castelo e imaginar o mundo de pessoas que viveriam alí, que amariam seu reino (e seu Deus)?
          



E você se lembra do que sentia quando o via o mar promíscuo lamber cada pedra e grão de areia?  E que sua língua grande e morna ia aos poucos, como faz um homem sedento, avançando na pele branca da praia? E que ia roubando teu castelo de ti?  E você o via morrer, mas não podia fazer nada.


Sabe o que é engraçado?  Você já sabia dessa merda desde o começo.

e você ainda ama fazer castelos.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tommy.

        Quando eu era pequeno, depois das onze horas, quando todos já tinham as cabeças firmes no travesseiro..  eu acordava.  Meus dedos miúdos erguiam devagar o cobertor felpudo e quente e meus dois pés de criança pisavam o chão de madeira, descalços, como não deveria ser.  Leve era como eu ia até a janela.  Abria uma fresta de pouco mais que um palmo e ouvia os sons do marasmo da noite na Travessa dos Flamboyants.  Minha cabeça de criança não tinha sono, só ansiedade.  Impaciente eu chamava-o baixinho e em poucos minutos estava lá meu amigo.   De fato não havia nenhuma grande demonstração de afeto, simplesmente ele vinha, magrinho, dormir comigo.  Meus pés de criança caminhavam devagar em direção a cama e minhas mãos de dedos miúdos seguravam Tommy, que na escuridão de meu quarto e minha noite, sumia.  
             Todo dia, nosso ritual secreto.  Todo dia eu te esperava.  Mas eu cresci Tommy... e sabe como é, não podemos ser assim quando grandes, podem nos julgar.. e é assim que a gente seca.

                E agora, magrinho, quem me espera é você. 



Não vai esquecer de deixar a janela aberta.

dia em vermelho e azul.

Pela manhã acordei                      sem vontade de acordar
Tomei meu café azul                    sem vontade de tomar
Pelos cantos andei                        sem vontade de chegar
Pelas pessoas passei                     sem vontade de cumprimentar
Por água passei                            sem vontade de parar
Escutei música                             sem vontade de escutar
Cantei pobre melodias                 sem vontade de cantar
Sentei só                                      sem vontade de descansar
Abracei amigos                           sem vontade de gostar
Abracei amigas                           sem vontade de ser par
Dancei músicas                           sem vontade de aprender
Chorei ao telefone                       sem vontade de chorar
Banquei o tal                               sem vontade de machucar
Voltei ao quarto                           sem vontade de andar
dormi                                         sem vontade de acordar

 

domingo, 15 de agosto de 2010

Meu bem, vai um Rolex?

Fez-se
Amável e
Linda.
Tentadora e
Atriz

Depois
Esqueceu

Tudo
Em seu
Medo
Patético
Ou


seria apenas falta de algo que desconheço

ou de algo que não fiz.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Demoiselle.

     Final de uma noite fria. A água quente corria sobre o couro cansado.  Apesar da cara de gozo e alívio, as costas ardiam e, vermelhas, choravam.  O homem que alí estava contemplava com um olhar insone e pouco concentrado os móveis, os azulejos e um reflexo seu que tomava um quê inusitado devido às inúmeras rachaduras do espelho.  Subitamente a imagem se foi, tomando conta uma figura disforme.  Havia embaçado.
     Depois de terminar seu banho, secando seu cabelo notou que seu reflexo ainda não voltara.  Sem pretensão alguma caminhou até bem próximo do espelho, afinal tinha que pentear seu cabelo.  No que chegou lá, por impulso, levou seu dedo até a superfície gélida e sua pele quente desenhou um sujeitinho, só ele.  Observou o rapaz flutuante e achou fantástica sua ausência de "pés no chão".  Riu consigo mesmo e empolgado continuou sua obra.  Um pássaro foi o que ele fez, cortando o céu de seu reflexo deformado.  Agora os dois compartilhavam do mesmo céu, das mesmas nuvens, da mesma liberdade...  E ele, sozinho, sonhava.  Foi então que no último espaço que sobrara rabiscou homem e pássaro, juntos.  Dom quixote e seu alazão, conquistando a imensidão do espelho do banheiro.  Riu consigo mesmo mais uma vez, e desta vez puxou o ar para os pulmões e baforou o hálito morno contra sua criação, que desapareceu tão veloz quanto havia sido criada.  Julgou-se louco e ainda pôs a culpa nas horas mal dormidas para tais alucinações.  Quando na cama prometeu reduzir o café e comprar um travesseiro de penas.
     Ele não reduziu o café.  Ele não comprou um travesseiro de penas.  Tampouco passou a dormir cedo.  E eu...  Bom, eu observo pássaros voando em uma praça com seu nome

aliás, não só pássaros

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

carnaval, cristais de lítio e pensamentos do sono de meia cama.

No alto de uma colina, não muito longe de mim, não muito longe do meu sonho, vive uma menina.

Seus sapatos pretos são sempre bem engraxados e a meias brancas sobem charmosas suas curtas pernas.  
O vestido é vermelho, combinando com seu volumoso chapéu. 

Contudo de onde estou é impossível ver seu rosto, pois há como que uma nuvem delgada (que por sinal me remete a uma daquelas belas máscaras dos bailes venezianos) cobrindo sua face escondida..  e mesmo sem expressão, sem cara, sem boca, ela sorri para mim.  só para mim.   É então que subitamente me sinto feliz, e tudo fica tomado por um colorido feérico, brilhante.  

E as cores dançam para mim.   Só para mim.

E os passáros que não existem cantam pra mim.  Só pra mim.

e então eu tento correr na direção dela, e meus pés não saiem do chão.  De repente começo a cair, e cair , e cair.
e, assustada, ela começa a correr.
e, aflito, eu tento ir.

subo a colina e a verdade cai sobre mim.
do meu carnaval só restou o fim.  





uma máscara de baile junto a grama
e um beijo jamais roubado.

retrato da modernidade

e eu que descobri, em uma daquelas conversas meio sem rumo, que a música que embalava meu sono quando pequeno era a de um comercial de colchões.

domingo, 25 de julho de 2010

25 minutos.



Um tapa forte e rosto cora.
Puxa-se o cabelo para que olhos ganhem um vazio.
Quebra-se a garganta para calar o peito que chora.
Corpo e chão - partilhando o frio.

Sensato é ir embora. (agora)
quem sabe jogar teu corpo, querida, no rio.
Para polícia chegar dou no máximo meia hora
para que você, sua vaca, apodreça, no mínimo mil.

Já fui, de ti, o maior servo.  Hoje sinto o mesmo repúdio que as madames sentem por baratas - e vice-versa.   Agora não cabe a mim julgamento eterno, afinal este é papel do mundo (e este ve o que quer ver)

Querida,  

mal sabes tu que não me importo-
pois no instante que nasci comecei a morrer.




exatos 25 minutos.

xeque-mate.

terça-feira, 20 de julho de 2010

chocolate quente.

        Nesses dias de frio extremo, em que o sorriso fica ralo, beirando a falsidade e a enganação, é que me recordo dos tempos mais amenos, tempos que a rua era tão mais convidativa.  Acho que são os banners que já nao me atraem mais.  Agora apenas escuto meus pensamentos, perguntas já não me aquecem os ouvidos.  Sendo honesto ainda escuto Cure, danço alguns passos meus, escovo os dentes, canto velhas canções e tomo um café forte e amargo que eu mesmo faço e que me dá um tremendo orgulho (na verdade eu só gosto de ter as mãos quentes).  Não é uma rotina, só uma opção, me sinto plenamente satisfeitos aliás.  Hoje, por exemplo, limpei o pó.  Dizem que faz bem à saúde.  Isso me lembra que tenho que parar de fumar.  Poderia também fazer exercícios periodicamente.  Comer menos gordura.  Acho que já basta de carne vermelha.  Posso, quem sabe, mudar os móveis de lugar!  Feng shui!

        Nesses dias de frio extremo eu durmo de meia e demais.   Tomo pequenas cápsulas de cansaço e sonho.  Durmo bastante.   Não tenho sonhado muito, mas isso é culpa da touca que uso pra dormir.  Está frio, sabe como é.   Tomara que jamais me roubem meu guardador de sonhos. muito pessoal, sabe como é.   Porém está tudo lá, eu sei que está.  


           Nesses dias de extremo frio eu espero até ficar muito escuro. Espero também as estrelas secarem, e a cidade dormir, e os loucos fugirem e que a lua acene, para que então minha cor possa se confundir com o breu - e o breu se confundir com o quarto - e o quarto se confundir com tudo - e eu me confundir com o mundo.  








tenho que ir ao médico e resolver o problema do ronco aliás.


plenamente satisfeito.  não volto atrás. 
          


sábado, 17 de julho de 2010

crack is wack.

Nada raro este pesadelo.
Mestiços, viciados e putas dançando suas danças ciganas.  Um ar expressionista que arrepia, que excita os mamilos, que dá medo e curiosidade.
Criam DEUSES e TIRANOS, nas ruelas imundas e frias da cidade.
Brincam.

A corja de anjos decaídos.
Famintos como animais.
Ferozes como animais.
Ignorados como animais.

Fulanos de um mundo que precisa de nomes e carros esporte.
Siclanos sem sorte.
Beltranos que no peito só tem a cicatriz (ou o corte).

São iguais em tudo na vida; morrem de morte igual.  
porém beijar as asas dos anjos não é problema algum!
Já que não vão para cima, vão esquentar a pele grossa e sofrida onde é quente e eterno.
Penitência é a vida vadia.

life is a bitch.  


we love bitches.  

mas as vezes, quando falta luz, alguns conseguem dormir







e alguns conseguem até sonhar.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

CENSURA

Queria tanto que essas malditas folhas ainda pudessem ser palco de meus verdadeiros pensamentos.
Já não há mais espaço para mim.  Devo escrever sobre a podridão desse mundo torto, com o máximo de cuidado, com dose dupla cautela.  Logo me censuro, blefo e não pulo.  Ponho na boca, mas não engulo.

E a pergunta martela meu cérebro:  Por qual razão não me calo?   Essa mania de sempre gritar e gritar e gritar e fazer questão que me escutem e não consigam jamais entender.   Essa mania de solidão.   Essa mania de dizer "não".  

CENSURO

e aos meus devaneios reservo lugar qualquer, junto do frio do chão, ou do calor do colo de qualquer mulher.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

PUTA MERDA!


POR QUAL MOTIVO EU NÃO CONSIGO ESCREVER SOBRE, SEI LÁ, OVELHAS? MORROS?  FLORES?  MAÇÃS?  QUALQUER BOSTA SEM SENTIDO?


um soneto é o que eu preciso.


merda do caralho.

sábado, 10 de julho de 2010

moças

São só moças                                          
roupa pouca
dedos lisos
beijo na boca
amassos
laços
rostos
línguas
falsas
despedidas
ajuda
saída
bebida
sozinho
saudade
soluço
seco
duro
parede
gelo
profundo
fel

em noites escuras, sem estrelas...


nem céu.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

congratulations

a perfeição me dá medo.


por isso amo o incorreto.


o incostante é meu sossego.


não quero mais um caminho certo.




a perfeição me dá medo, mas está sempre por perto.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

cigarettes

what a wonderful menace, my little darling.  

tem fogo?

Voa, lenta e cálida, por entre tudo e tudos.
Seca sempre, com seus beijos lânguidos, os meus olhos pecadores, e eventualmente pede por lágrimas.
Envolve - abraça - esquenta - amassa
Louca, uma vala para o corpo frouxo.
Formas mil, mas sempre excitante para o fraco moço.

Queima.

Mata.

Completamente estúpida e inconstante.
Calada e monocromática.
Sempre de joelhos, seus seguidores.
Os pervertidos e os amores.

could you buy me some more, little darling?

-

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!


maybe i am just afraid.

domingo, 4 de julho de 2010

sóbrio

Passo
Passo
Passo
Passo

Corredor calado.
Silêncio mais que ensurdecedor.
Estalo das botas.

Passo 
Passo
Passo
Passo

Mais uma dose de veneno?
o mais puro fel.
Azedo mesmo é o limão e o viver.

proposta excitante.

obrigado, passo.

o infinito.

uma promessa de vida.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

violinistar

Andava calado,
depois do serviço, os poucos metros até meu apartamento. P
ara meu júbilo, ao subir a ruela magra, vi ao longe um rapaz. Contudo este não era só, tinha consigo um instrumento de tocar, que por sinal tinha um aspecto no mínimo deplorável. Os rasgos por entre a madeira envelhecida pelo tempo mais pareciam fendas em rochas, sem qualquer alinhamento ou semelhança, pura obra do descuido e desgaste. A cor era castanho, porém as manchas eram evidentes. Cordas novas aquele corpo jamais vira. Sentei-me e tratei de escutar. Tocava a quarta de Beethoven. Permaneci calado.
Eu notava seus traços: eram desalinhados, definitivamente minto se disser de uma beleza ímpar, pois beleza alí não havia. Disforme, entretanto de olhar doce, bovino, como diria o escritor. Seus olhos eram negros (bem como a pele) e não os tiravam nem por um segundo do braço do violino, até o momento que por uma força maior, quem sabe um impulso, ou até obrigação moral puxei alguns trocados do bolso e lhe ofereci, calado. Foi então que o sujeito notou minha presença. Parou delicademente de tocar a música, recusou o dinheiro com a cabeça, e gentilmente me agradeceu com um olhar e um sorriso de dentes amarelos e pequenos, mas de extrema honestidade.

eu que era calado, cantarolei o dia todo.
sujo meu blog.

madame filet mignon

Nos lábios tortos o batom escuro rasga.
Corpo envelhecido, estado: uma lástima.
Sambou em sangue e degraus.
A água da piscina no queixo encosta.


Mas o peso nao afunda, pois nao tinha nada nos bolsos,

nem em lugar algum.
é na hora que a baba engrossa,
que a língua cresce,
que a garganta coça,



que se sente frio.

Ying & Yang

Sao as orelhas da mesma cabeça, que apontam pra lados de diferentes.
Ying e Yang se entendem.
Se acham bonitos.
Acham bonito serem queridos.

Ying e Yang bebem cerveja e champanhe.
Ying e yang rolabolam nas escadarias.
Sobem montanhas e colinas.
Mas ying e yang tem pontas, se ferem na fragilidade do "sem querer".
A vida ama você.

Se mesclam nesse ser estranho, infame.
De um fervor de enx (ou seria ch?)ame.
Vida, me ame.

Hoje eu acordei com certo medo de coincidencias.
Breves perturbacoes, mera audiencia.
Sugaram-se pra um lugar. Qual? o que quiser... desde que seja longe daqui.

Decifra-me

"Sem essa de que: "Estou sozinho."
Somos muito mais que isso
Somos pingüim, somos golfinho
Homem, sereia e beija-flor
Leão, leoa e leão-marinho
Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito
Chega de opressão:
Quero viver a minha vida em paz
Quero um milhão de amigos
Quero irmãos e irmãs
Deve de ser cisma minha
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta"

asfalto morno.

Perdido jurei, não mais voltar a um lugar que não o meu.
Porém minha inconstância me cutuca o juízo, me faz querer de novo a vida de incerteza.
Vida é pra conhecer toda beleza dum mundinho grande, para conhecer o tão distante horizonte.

Acordo cedo e arrumo as malas. Pego o pouco que me é necessário, e quem sabe até um livreto.
Distribuo ,no silêncio da escuridão, beijos e abraços. Visito amigos e amigas, até aqueles que já me esqueceram. Queimo velhas fotos, compro filme novo. Fumo um cigarro comprido até o filtro, porque meus olhos fechem e não haja como olhar pra trás. Ponho um sapato velho e vou sozinho a cantar até a margem de uma pequena lagoa. Lá, jogo meia dúzia de pedrinhas pra pular e me despeço da terrinha. O fusca me espera na estrada. A estrada me espera ardida.

para uma, sempre boa, partida












e árdua despedida.

Arcobaleno

Menina dos olhos de mel, sei que do teu pranto se faz poesia;
Poesia que escorre pelo rosto, desce até o queixo e some antes de ganhar o mundo.
Saiba que aquela que não escorre pelo chão torna o coração mudo.
Dá-me tuas palavras nem que por um segundo, para que eu possa ver por de trás da carne, pondo um fim na minha curiosa agonia.

Menina dos dedos de criança, sei que não é a valsa tua dança;
pois és viva demais para tão pouco.
Menina dos dedos de aquarela, sei que sonhas até onde teu juízo alcança;
Voa alto e com os pés no chão.


Ah menina.. Eu sempre achei que fosses um arco-íris.
Dauntless, he decided to live.

Santa.


O pélvis esquálido dançava à candência de baixa música e rara luz.
Perguntava-me se os rins saltados aguentariam os momentos seguintes.
Seus ossos, frágeis, desfacelavam-se nos dedos fétidos dos clientes preferidos.
O perfume cheirava à fragrância de sêmen e suor, e não resistia em entorpecer a platéia sedenta e à ela, criando um sentimento de ausência, de fuga.

Os secos faziam seus filhos.
Os pobres comiam caviar e bebiam champanha.
Os pervertidos se admiravam, bem vestidos.
Os feios narcisavam um reflexo.
Os que eram calados cantavam.
Os brutos amavam.
Até os tristonhos esqueciam que choravam.

E os seios magros pararam na boca de um qualquer.

Por de trás daquela parede, em meu caleidoscópio era bela, tal mulher.

reflexão.

Me olharam ferozes os dois olhos pequenos.

Eram secos e feios.

As mãos pediam por objetos inúteis.

Eram magros os dedos.

Da noite se fizeram os cabelos.

Do pensamento surgiram vontades fúteis.

Vontade de ser de verdade.

Vontade de sentir saudade.

Maldito rosto, por que me olhas tanto?

Nao te quero mal.

Esse teu rosto não te cai bem sendo assim tão água e sal.

E essas agulhas que espetam os ouvidos?

E a baba grossa que molha o beijos bandidos?

Anjos ainda passam a língua morna em tua alma?

Ou seriam os demônios que contigo falam?

Feche tua garganta.
Feche teus olhos.
Deixe eu cantar pra ti amigo,
Um som azul como o infinito.

Quem é você?


Os punhos se tocaram em harmonia.

E todo o julgamente que havia, caiu.

E mundo inteiro novamente se abriu

Por um segundo, por entre flores e pedacinhos de estrela.



Quebrei minha mão.

E os malditos continuavam a me olhar, secos e feios,
dos cacos e do que sobrara do espelho quebrado.
RAIOS

















































































.

...

Estou com uma vontade extrema de criar uma máquinha do tempo.
Voltar para o passado e nao fazer nada do que fiz até agora.


pois simplesmente nao estou para mémorias tristes, nem para as felizes.

Lua e sol.

Com seu jeito leitoso,
a lua menina flertou,
no recém formado dia
com o sol que acordou.

Antes de dar por si o grandioso morria de amores.
Iluminou o mundo para mostra-la as coisas lindas e esconder seu horrores.
Fez crescer as flores mais belas e brilhou cada parte de uma imensidao de cores.

Mas so a fez ir, furtiva, embora.
So a fez ir contar as estrelas no outro lado do planeta, a beleza que no dia vigora.

Jamais esqueceu da beleza,
o pobre sol que toda noite de saudade morre
daquela que vive onde a cidade dorme.

Carta 2070

http://www.youtube.com/watch?v=Re-ztSxGXdw

Os monstros e o violino.

Era bonito de ver seus dedos como pincel, tocando o vidro umidecido do auto numa noite fria, repleta de sereno e monstros. Começava, como sempre, com o mundo inteiro.

Desenhou friamente a bordas do planeta.
Fez derreter a Antártida com seu dedo quente.
Pintou os mares com o azul dos olhos.
Desceu um pouco mais, e criou a perninha sulamericana.
Subiu um pouco mais, e com seu coraçao pequeno, fez um Brasil.

Nesse pequenino Brasil colocou tudo que mais gostava. Um pouco de cor, um pouco de gente, um pouco de praia, diversos animais, falésias monumentais, e árvores colossais. Montou sua terra alegre como nunca antes visto.

Entretanto o violino que chorava alto, cujo som ecoava, fez a realidade imunda novamente.

soprou o ar quente de sua barriga contra o desenho que fizera, e no vidro novamente embaçado escreveu seu nome. Afinal almejava algo que fosse real.

Exame de consciência.

Penso,
de tempos em tempos,
que deveria me preocupar menos com aquilo que penso
e mais com aquilo que falo.








ou com aquilo que jamais falei.

poema bobo II

Meio céu e meio mar.
Êfemero cheiro de amor no ar.

Fez-se altar, a gélida areia.
Fizeram-se testemunhas, as pobres conchas de marisco.
Pouco era o risco de haver razao.

Duas criaturas sem fé
Em silêncio estao.
E por entre as pedras, barulho de maré.
E entre os dois, apenas os sons do coraçao.

Flores na calçada.

Já passava de meia noite. Era possível ouvir através das paredes finas passos apressados, de um homem quase que novo, e quase que velho, de média estatura, cara quase que normal. As janelas observavam, indiscretas, como de costume, aqueles dois grandes olhos medrosos e aflitos. Coitados eram os degraus que sofriam com a angústia do sujeito. Nas costas uma luz azulada iluminava-o, dando um ar doce, macabro, e interessante a toda aquela visao. O gestos eram rápidos, despreocupados com possíveis erros, afinal o que vinha a seguir fora vaidosamente calculado, embora este nao fosse o mais racional dos homens.

Gotas de chuva molharam sua testa, seus ombros, o corpo todo. Criavam caminhos por entre as rugas de sua cara, as malditas. Passaram pela queda de seu nariz, foram até o bico, desceram escorregando pela boca, molhando o limo dos dentes, do sorriso pobre. As maos que tremiam já esqueciam de ser indecisas, tomavam um rumo sem volta.. pois fariam o que nao poderia ser feito. Agora seu mundo era silêncio, nao podia escutar nem voz, muito menos razao. Pobre rapaz, que criatura triste.

Sentia tesao em empunhar uma arma. Nao era a primeira vez, mas cada uma era única. Um prazer tao esplendoroso. Sentia poder. Podia matar.

-Tu queres dinheiro? Disse a moça. -Se for dinheiro eu te dou! Por favor nao faça nada!

AGORA DIZ! Diz vagabundo! Que tu nao querias dinheiro porcaria nenhuma! Que tu querias cheiro de pólvora, de sangue. Tu sabes que falta de dinheiro nao é teu mal. Agora diz pra ela.
Tens conhecimento que homens sao todos iguais numa cela.



Levou as duas maos até cabeça de cabelos desgranhados, e chorou.
Pois sabia que agora era apenas mais um que matou.


Um cara quase que normal.

Indecisao

-Decide menino! Quer escrever ou fazer música? Desenhar ou encher a cara? Dar marteladas na vó ou alimentar um enfisema? Jogar xadrez ou paciência?


porra, a angústia é minha...


Se faço prosa ou poesia o problema é meu.
nascimento.


uma bela piada divina.

a overdose.

Se contorcia como serpente.
Intercalava o gozo com demência
Sua mente era fogo em alto mar
Explosao de cáis.
Pedia perdao pela miserável vida, mas pedia mais.

O milagre de viver entregou-lhe uma faca,
e ela se esfaqueou.
Passou pela vida como mera observadora.
Deixou...
Deixou...
Deixou...

sua alma à venda.

Fechou os olhos numa expressao mista de alívio e cansaço.
Morreu afogada, perto de Deus, e ao lado dos barcos.

Maldito diplomata.

Nunca lamberei os pés de ninguem.
Nao engulo palavra.
E quando me sentir forte, me sentir bem
Abro um sorriso bobo, e lhe cuspo na cara.

pianinho.

Eu, bem criancinho, aprendi a ser sozinho
Eu, bem menininho, levantei pedras do caminho

Cansei dessa tentativa constante de ser poeta, de tentar por meu nome na vitrine de livraria. Agora eu rimo mansinho, assim bem bossa nova.
Ainda tomo jeito, ponho gravata e vou ser gente grande. Juro isso todo instante.
Faço uma família bonita, numa casa bonita, compro carro, tiro férias na europa, e bebo moderadamente. Viverei pianinho.
Quiçá eu diga alguns "eu te amo", ou até verse belos amores.

mas eu, bem criancinho, aprendi a ser sozinho.

O malabarista.

Os seres do circo sao algo de extra-terreno. Seres azuis, amarelos.. Criaturas que alfinetam nossa curiosidade, cuja a existencia excita nossa ordinariedade. Notáveis criadores de novos medos, pioneiros na arte do desejo. Arrepiam meu corpo inteiro. Tire desses sonhadores seu sangue, sua familia, seus amores, dinheiro, e fama.. contudo jamais os prive de sua arte.
Quando eu criança pequena morri de amores por uma trapezista. Voava feito uma andorinha, a pequena. Porém hoje defendo os malabaristas. Eles sao o que há de mais doce num show de picadeiro.



Voces trapezistas podem desafiar a gravidade, mas nós os malabaristas brincamos com ela.
Quem canta os males espanta.
Quem bebe os males esquece.



nunca aprendi a cantar.

Tinha de ser Amélia! Tinha!

De súbito ela entrou. O desconforto era visível em seus grandes olhos azuis, que belos olhos. Nao pude evitar roubar um pouco deles pra mim, só por um segundo, assim... meio sem jeito, com jeito de quem nao sabia o que fazia. Meu ar era de graça e de mentira. Menina sem nome era aquela. Me recordo da trança, dos trejeitos tortos, da dúvida, dos grandes olhos azuis, e a falta de suavidade ao passar pela catraca. Visto que era admirável sua beleza, o mundo inteiro e aquele ônibus pararam. Foi minguando a pequenina, como um navio descendo a borda do mundo, nos bancos ao lado daqueles mais ausentes.
Sei que jamais me verás novamente, e teu nome também, em minha vida, será mistério. Moça bonita da trança comprida, assim que me achares, prometo, veja bem.. prometo


devolver aquele pedacinho de céu que roubei de ti naquele segundo.

A velha história de todas as histórias que tem, no fim, um começo

I held your hand for a long time.
I had my soul inside your mouth.
I had my love on your tongue.

Felt God's hands in my face, was a slap. I asked for answers. Another slap. I asked for compassion. Another slap.

now.. i have no place to hide.

and you live this ordinary life with the same virginal passion.


it is alright to be a whore in the inside.

WHO CARES?



i do.

garoa.

HAVE FUN! It is our time now. Forget poverty! Celebrate! We are millions, billions... of years ahead! Blow up your head with pleasure and colors.


mas lembre-se criança.. Deus abomina finais felizes.


e o céu só chora.

criaturas estranhas esses homens.

Daquela pequenina janela, aquela sobre o mundo todo, eu via as formiguinhas, lá do alto (altura sempre dá um ar de importancia). Apoiei meu queixo nas canaletas feitas de madeira. Cheiro de Embaúba. Os olhos inquietos, dois irmaos que se odeiam que jamais se fitam, observavam o mundo inferior. O mundo de lá tem gente de verdade. Verdade é algo muito perigoso, voce pode se machucar.


e as pequenas criaturas continuam andando, com suas cabeças bonitas e seus corpos feios, procurando algum tipo de ideologia ou filosofia.

E eu, daquela pequenina janela, aquela sobre o mundo todo, via as formiguinhas, todas elas.

Eleiçao.

Pregamos bondade, paz, amor, saúde, distribuiçao de renda, reforma agrária, estado laico, aborto, homossexualismo, o novo, o belo, as flores, os abraços, os beijos roubados, mais uma vez o amor, a juventude, a amizade, o sexo, a felicidade, os sonhos mortos. Pregamos com o coraçao.


Meninas e meninos! Seremos a próxima refeiçao.

.

the end.

stratocumulus.

-Eu vejo uma girafa.
-Eu vejo uma tartaruga.
-Eu vejo um macaco.
-Eu vejo uma pulga.


Tão perto do céu.


Tão longe de tudo.

Nefelibatas.

E o que fazem meus amigos?

querendo sempre aquilo que nao existe. Lindos tolos, que creem na verdade que na sarjeta se decide.
Amam o mundo proprio, irreal. Vivem o mundo, infinito cor de maça, nas suas almas fortes.
Correm o tempo todo, em busca do horizonte sobre o mar.
Meninos anjos que ainda nao sabem amar.
Que nao se culpam por se gostar.
Nao sucumbem aos dias de caos. Se sustentam com a perna do proximo.

Pintam o mundo, em tons de laranja e vermelho, cor de maça.

Isso é o que fazem meus amigos.

vácuo.

Seco. Meu grito é inútil. Minha mente é estanque. Todas palavras que ja me pertenceram, agora simplesmente cospem em mim a todo instante.

Rouco. Espero louco por aquilo que caiba perfeitamente em minha cançao, na cançao de minha vida.

Peço-te pouco, meu deus, peço algo que eu apenas alcance. Quero minha de volta minha alma de iniciante. Minha virgindade quase que pura. Desejo insanidade sóbria, soberania própria.

Ao menos algo que eu sinta, que faça sentir. Qualquer coisa maior que a vida de agora.

Vazio. É por certo aqui dentro, mas ainda melhor que lá fora.


Como eu queria lembrar como se faz um soneto.

mae.

Mae, quem é aquele menino? Me diz mae. Mae daonde ele vem? O que será que ele tem mae?
Mae, me explica o que é viver assim. Sem saber nao da pra entender. O que ele tanto olha? Por que ele chora? Ele tem fome? Ele tem nome? Por que ele mente? O que será que ele tem?

Mae.. voce pode responder..


sei que mentiras também ajudam a viver.

festas pros deuses.

O som do violino corta os ouvidos de todos aqueles ainda donos de sua sanidade.
Palavras jogadas, suadas, gritadas, em meio a todas aquelas pessoas. Pode-se sentir algo por dentro da pele, que excita os pelos, os porques, e os poréns.
Festa dos bebedores de absinto.
Festa dos praticantes voodoo.
Muita luz para o que sinto.
Pouca luz por onde minto.

Malogro. Minha arte.

Coffee break.

-Café preto, por favor. Com açúcar.

Pedidos sinceros demais em mesas sujas demais.
Os pequenos que entram pedindo cor pro a realidade de fora.

-vai querer drops, moço?

A existencia do menino azul me incomoda. Meus olhos baixos servem de resposta. O hálito da criança me toca outra vez.

-moço, por favor.

Busco com as maos tremulas uma possivel xicara de café, para um possível gole. Falhei.
Suor já começava a beijar meus lábios secos. Estou nervoso. Num impulso levanto a cabeça de forma brusca, brutal.. vejo dois pequeninos olhos foscos a fitar a tudo e todos. O pequeno se virou também, e para o azar de minha consciencia me viu. Me viu pasmo. E eu o vi. A criaturinha so nao ajoelhava porque nao sabia rezar.

Dei-lhe uns trocados. Ele se foi.



-Café preto, por favor. Sem açúcar.

Eunice.

Eunice nao é do tipo de mulher que ama.
Sabe demais da mente humana.
Eunice escreve poemas, dirige em alta velocidade, joga poquer.
Fuma cigarros, pinta as unhas de vermelho, e usa oculos escuros.
Eunice tem intimidade com a cama.

Discute Freud na loja de conviniencia.
Mata moscas com faca.
Inteligencia rara, quase psicopata.
Eunice sabe da Europa.

Joana imita Maria, que imita Sabina, que imita Lurdes, que imita Ana, que imita sua mae, que imita Marilyn Monroe, que imita Eunice, que nao imita ninguem.

Eunice só sai com quem tem.
Eunice é absoluta. Rainha de si.
Eunice é prostituta. Rainha de mim

Ama champagne e pinga.
Tatuou Dionisio nas costas.
Fez faculdade e é feliz.

Eunice nao trabalha, tem dinheiro, tem fama, tem sexo, tem saúde, tem amigos, tem inteligencia, bunda grande, e um Rolex.

Eunice nao precisa chorar.
Eunice nao precisa amar.

Jardins de Regent street.

Estão todos a me olhar, e não há como me esconder por entre as cobertas, pois a cama não é alta o bastante para fugir dos olhos de meus observadores.
Peço a todos que saiam, que me deixem um pouco, e que ao sair fechem a porta. Mudo de idéia pois temo o escuro.. mas então é tarde, há só penumbra e solidão. Ah que vontade de chorar.

Peço alto para que voltem, pois gosto da atenção. Gosto de todos aqueles que por um momento me admiraram. No entanto é tudo em vão. Pedir alto não fará diferença. A porta se mantém fechada. Ainda há penumbra e solidão.

Há penumbra, pois por debaixo da porta há luz. Há solidão, porque todos foram, inclusive eu.

Volto para minha cama para fazer passar o tempo.

guarda roupa

Amanha vou por minha melhor roupa, meu terno engomado, meu sapato engraxado, e vou correr pra qualquer lugar.



so pra me sentir importante.

Amor como flor de verao.

Amor é como girassol. Corta com vento. Gira, gira, gira, gira o mundo todo a sua volta.
Amor mata sua horta. Compra sua hora.

Agente semeia, ve crescer, espera por entre estacoes.. os veroes de nossas vida. Agente ama cada pétala, mas nao nunca ve morrer. Nao se esquece um segundo, mas sem aparente porque. Pra amor nao ha resposta.

Dizem ate que flor nasce no meio de bosta.

K.

Fazia tempo que nao sentia cheiro de gente, gente miúda, que cabe na palmas escassas de vida de minha mao. Mal me lembro agora seu jeito e defeitos, recordo apenas o que no momento me tirava a atençao. Sorriso de meia boca, quase que falsidade, aturando as meias palavras de um mero beberrao. Menina tao pouco moça, que até a calada da noite ouviu meu sermao. Eu descobri em teu colo daonde vem a calma para a inquieta alma.
Nao conheço tua vida menina, mas me da tua pequenina mao só mais um pouquinho, só até eu dormir. Podiamos ter falado de tudo naquelas fraçoes de segundo. Da poeira, do caos, do mundo, das putas tristes, dos poetas tristes, dos amigos infelizes, daqueles que dançam, daqueles que cantam, daqueles que amam Drummond, daqueles que amam Da vinci, dos pobres, dos ricos, dos nobres, dos plebleus, dos meus, dos seus, dos nossos, dos apelos, dos pelos, dos arrepios, dos cabelos, da areia da praia em meus cabelos, dos amores de banheiro, dos amores de corpo inteiro, dos meninos que tem fome, dos meninos de Chernobyl, e das cores. CORES!

era tudo tao cinza por fora, mas tao azul por dentro.

Ainda deixo meu cabelo crescer e faço uma tatuagem.



isso ai.

ROMANTICAR

ROMANTICAR! O verbo do século XXI. Na duvida romantique, embregue o chique. Caia na gargalhada, solte uma risada! Finja um mundo hippie. ROMANTIQUE!

Dance ciranda na areia da praia, conte uma piada. A vida dura é mesmo uma cilada. ROMANTIQUE sua cara, sua alma.

ROMANTIQUE seu passado, viva a vida dum jeito errado.

ROMANTIQUE, faça do belo o sujo, do sujo o chique.

ROMANTIQUE

radiaçao.

Dear fool listen to me.
Even if I tell you the sky is gonna fall above your head
Even if I tell you nothing is gonna grow here
Even if I promise destruction and poverty.

push the button.


Even if I ask you for love
Even if I tell you i am high
Even if I tell you to pray.
Even if I tell you to find god.

push the button.


Even if I made you cry
Even if you made me cry
Even if we are not the same anymore
Even if you love poets and whores


push the button.


Even if this world is beautiful
Even if this world is a huge chunk of shit
Even if you wanna protect
Even if you will regret

Push the button. Push it now.

Pierrot.

Pierrot apaixonado pelo mundo irreal.
Que canta seu canto torto para todos seus amores
Menino que ama demais o surreal
Crianca que chora pelos cantos seus temores.

Pierrot cantante, nao tao certo quanto antes
Cuidado com o mundo de agora.
Nem tao cedo, nem tao tarde, para que andes
sem rumo e sem juizo [por entre muros pichados cheirando a mijo]

Davi, palhaco chorao, que roda o mundo a rir, mas um pouco triste.

alma de artista

capitélios dos gregos, ruas de Bansky.
putas de Bukowski, monroe de Warhol.
musas de Caetano, amores de Vinicius.

Desde o inicio é do artista o trabalho de fazer real o imaginário.


e amar o que nao existe.

dia azul.

Encolheu os pequenos ombros e
com as maos suadas e tremulas acendeu um cigarro.
Sentou em silencio temendo.

pois solidao e um exame de consciencia.

as paredes de minha casa.

O limo pode crescer junto as paredes de minha casa.






Mas nada vai acalmar o movimento.
Cheiro de corpo quente.
Silencio faz engrandecer o mundo de fora.
O gozo acaba em acalento e tua vida recomeca agora.

Maresia.

Agua salgada sempre toca a lingua dos tolos.
Certas palavras afetam a todos.











E ela ainda tem a boca morna pelos beijos roubados de mim.

sem titulo.

Ela pisa em cacos de vidro, sangra, e diz que foi sem querer.
Sem querer foi caminhando pela estrada de estrelas rebaixadas. Pisou em cada estrela, da mais voluptosa a mais candida pequenina, sem distincao.
A cada passo as correntes em minhas maos ficavam mais apertadas, e o ar seco sufocava minha palavra. Impotencia.

Terminaste teu caminho, e eu comeco o meu.

Pombo correio.

Um dia desses vi um pombo correio.

Apanhei o revolver e atirei pra matar.

Matei.

Poema bobo.

Paz no mundo se da apenas em um gozo divino.

Tentemos entao construir a escada para alcancar o clitoris de deus.

Pena que orgasmos sao prazeres de curto prazo.

Canario.

Canta canario moco, canta mais uma vez.
Canta canario moco, pois quero ouvir-te.
Prometo atencao integral durante tua capela.
Prometo esperar teu numero a cada sol poente.
Canta canario moco, deixa-me ouvir o som da tua terra e dos teus iguais.
No meio da selva de pedra, canario sempre canta mais.
Canta em coro com os sabias.
Ja e' de teu conhecimento previo que minha alma e' tua.
Fecunde versos em meus ouvidos, que germino poesia em tua imagem.
Antes que te vas, seguidor da carruagem de Apolo, sussurrarei baixinho ao teu ouvido miudo o pedido:
Canta canario moco, canta mais uma vez.

Boris.

-Vulto beijando o concreto
-Silencio, canto das arvores.

Nem para tudo ha' explicacao profunda, complexa. O pesar humano e' nao ver o que esta' a frente.

Nem todos gatos sao habeis o bastante para cruzar a estrada.

Outro achado do caderninho de pensamentos.

Estão todos a me olhar, e não há como me esconder por entre as cobertas, pois a cama não é alta o bastante para fugir dos olhos de meus observadores.
Peço a todos que saiam, que me deixem um pouco, e que ao sair fechem a porta. Mudo de idéia pois temo o escuro.. mas então é tarde, há só penumbra e solidão. Ah que vontade de chorar.

Peço alto para que voltem, pois gosto de atenção. Gosto de todos aqueles que por um momento me admiraram. No entanto é tudo em vão. Pedir alto não fará diferença. A porta se mantém fechada. Ainda há penumbra e solidão.

Há penumbra, pois por debaixo da porta há luz. Há solidão, porque todos foram, inclusive eu.

Volto para minha cama para fazer passar o tempo.

à Saudade.

Saudade, que corrói, que destroi.
Saudade da vida que é minha e que fica.
Saudade da vida que mesmo sendo tua é minha.
Saudade do homem que passa na rua
Saudade da rua, que também minha.

Saudade de todos os tolos.
Saudade do céu de anil da minha terra.
Saudade da Aroeira de meus dias.
Saudade da poeira dos meus cantos.
Saudade do meu Brasil.

-minha terra de encantos


Saudade das moças e moços
Saudade do carvão do meu chão.
Saudade do giz que recobre minha parede.
Saudade da terra que me prende as raízes.

Saudade dói e mata;

saudade dói mas passa.

Arcobaleno

Menina dos olhos de mel, sei que do teu pranto se faz poesia;
Poesia que escorre pelo rosto, desce até o queixo e some antes de ganhar o mundo.
Saiba que aquela que não escorre pelo chão torna o coração mudo.
Dá-me tuas palavras nem que por um segundo, para que eu possa ver por de trás carne, pondo um fim na minha curiosa agonia.

Menina dos dedos de criança, sei que não é a valsa tua dança;
pois és viva demais para tão pouco.
Menina dos dedos de aquarela, sei que sonhas até onde teu juízo alcança;
Voa alto e com os pés no chão.


Ah menina.. Eu sempre achei que fosses um arco-íris.

Monkeys.

http://www.youtube.com/watch?v=m89rYW0epTs



Viva o polegar opositor.

Charles.

TODOS TOLOS FAZEM AMOR,
TODOS POETAS TRANSAM
,




Mas só Bukowski fode.

Ao famoso desconhecido.

Minha cara, era um tal de cara estranho, de uma cara estranha.. Tinha os dentes e os lábios manchados pelo batom de suas mais antigas putas. Puta cara estranho. De paletó verde musgo, e sapatos de salto. De chapéu coco e de uma androginia incontestável devido a pálida maquiagem sobre o rosto cansado. De hálito amargo, comprovando seus boêmios hábitos. De língua afiada e de pinto murcho. De saco cheio, e de dentes para amolar. Puta cara estranho. Vai de bar em bar, babar na boca das bonitas moças, vai tropicando de bar em bar, a afundar a cara nas poças dos ladrilhos que descem a ladeira, a afundar a cara no mais puro Liquor. Puta cara estranho. Sem vergonha, sem um puto, sem um grama, sem fama, sem nada.



Morreu afogado em uma de suas poças. Um minuto de silêncio ao um escroto qualquer que morreu. Puta cara estranho.

No três.

um
dois
três
já.





Adrenalina.

Windows.

-Que minha carne seja parte da eterna terra de um campo de lírios, para que sejam para sempre os delírios de minha mente de uma vida errante. Disse alguém.

Todo dia sonho ao fechar os olhos, contemplo o estranho mundo que reside numa cabeça estufada de idéias, embora muitos delas sejam meras lembranças de arquivos julgados inúteis por algum péssimo profissional imaginário que contratei para me organizar o juízo. Agora nem me passa nas idéias contratar alguém sendo que só eu posso fazer tal trabalho torturante. Lembrar o passado só nos deixa mais velhos. Há um ou outro pensamento que você reconsidera e requalifica como algo útil. Tarefa difícil essa de cada dia. Por isso peço a quem for enterrar meu futuro putrefato corpo, que o faço loois já estounge de um campo de lírios, p cansado o suficiente de meus delírios, e desejo que dessa vida errante apenas sobre a parte não errante, quero pouco trabalho para eternidade. E tomara que eu morra dormindo para poder adiantar o trabalho. Sabe como é, eu prefiro um layout mais clean, essa história de desktop cheio de ícones nao está com nada.

.

"Nasci viciado em fantasia"

Nova canção de outrora.

A canção de minha terra foi escrita aqui, pra cá do Paranoá.
Entao posso dizer convicto, que aves nao mais gorjeiam, nem cá, nem lá.

Nosso, meu e seu céu, maior pedaço do papel de um Dias, tem cada dia menos estrelas, e seu sol menos ardor.
Nossa vida, afogada em futilidade, inebriou-se pela radioatividade das rosas de nossos varzeas.
E à nossos bosques foi destinado nem se que amor, nem lágrimas.

E eu vou me embora, cansei de viver nessa nova canção de outrora. Se em alguma hora em meu juizo surgir a vontade de voltar, só espero que na volta eu escute ao menos um sabiá.

Religião

é como querer voar..



com botas de chumbo.

Eis o sono;

Poderia discorrer sobre o sono durante várias horas em vão, mas a sonolência improdutiva e incessante me impede de tal.

Pois então.. vou dormir.

Eu falei de flores.

No jardim havia uma menina. Uma menina com uma flor. Na flor a esperança de tempos melhores. Havia medo. Medo da vida. Medo da morte. Medo da distância. Confiança na sorte. Homens e mulheres fortes. Haviam fracos também. Todos em prol do bem. Em busca daquilo que nao se tem.

A menina e a flor contra o mundo.

A menina e a flor contra o pelotão.

Era uma vez um pelotão, ou ao menos as fardas mudaram... A menina cresceu e a flor murchou. A menina procura em seu jardim outras flores para as novas milicias, e quando as acha, elas lhe parecem fugir a mão. "Por que não?". Indaga a bela moça.

Flores precisam ver para crer, nao adianta chama-las atenção.


Pra nao dizer que nunca falei das flores.