Quando eu era pequeno, depois das onze horas, quando todos já tinham as cabeças firmes no travesseiro.. eu acordava. Meus dedos miúdos erguiam devagar o cobertor felpudo e quente e meus dois pés de criança pisavam o chão de madeira, descalços, como não deveria ser. Leve era como eu ia até a janela. Abria uma fresta de pouco mais que um palmo e ouvia os sons do marasmo da noite na Travessa dos Flamboyants. Minha cabeça de criança não tinha sono, só ansiedade. Impaciente eu chamava-o baixinho e em poucos minutos estava lá meu amigo. De fato não havia nenhuma grande demonstração de afeto, simplesmente ele vinha, magrinho, dormir comigo. Meus pés de criança caminhavam devagar em direção a cama e minhas mãos de dedos miúdos seguravam Tommy, que na escuridão de meu quarto e minha noite, sumia.
Todo dia, nosso ritual secreto. Todo dia eu te esperava. Mas eu cresci Tommy... e sabe como é, não podemos ser assim quando grandes, podem nos julgar.. e é assim que a gente seca.
E agora, magrinho, quem me espera é você.
Não vai esquecer de deixar a janela aberta.
vou me matar.
ResponderExcluirTeu texto me lembrou o pequeno príncipe.
ResponderExcluirbonito.
ResponderExcluirMesmo depois de grande sei que abristes muitas vezes a janela para ele, que, tenho certeza agora sempre dorme contigo.
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