ape

o desarranjo poético

terça-feira, 20 de julho de 2010

chocolate quente.

        Nesses dias de frio extremo, em que o sorriso fica ralo, beirando a falsidade e a enganação, é que me recordo dos tempos mais amenos, tempos que a rua era tão mais convidativa.  Acho que são os banners que já nao me atraem mais.  Agora apenas escuto meus pensamentos, perguntas já não me aquecem os ouvidos.  Sendo honesto ainda escuto Cure, danço alguns passos meus, escovo os dentes, canto velhas canções e tomo um café forte e amargo que eu mesmo faço e que me dá um tremendo orgulho (na verdade eu só gosto de ter as mãos quentes).  Não é uma rotina, só uma opção, me sinto plenamente satisfeitos aliás.  Hoje, por exemplo, limpei o pó.  Dizem que faz bem à saúde.  Isso me lembra que tenho que parar de fumar.  Poderia também fazer exercícios periodicamente.  Comer menos gordura.  Acho que já basta de carne vermelha.  Posso, quem sabe, mudar os móveis de lugar!  Feng shui!

        Nesses dias de frio extremo eu durmo de meia e demais.   Tomo pequenas cápsulas de cansaço e sonho.  Durmo bastante.   Não tenho sonhado muito, mas isso é culpa da touca que uso pra dormir.  Está frio, sabe como é.   Tomara que jamais me roubem meu guardador de sonhos. muito pessoal, sabe como é.   Porém está tudo lá, eu sei que está.  


           Nesses dias de extremo frio eu espero até ficar muito escuro. Espero também as estrelas secarem, e a cidade dormir, e os loucos fugirem e que a lua acene, para que então minha cor possa se confundir com o breu - e o breu se confundir com o quarto - e o quarto se confundir com tudo - e eu me confundir com o mundo.  








tenho que ir ao médico e resolver o problema do ronco aliás.


plenamente satisfeito.  não volto atrás. 
          


Um comentário:

  1. Esse teu escrito me lembrou Pulp do Bukowski. Me lembrou também justo aqueles 30 minutos que a gente fica na cama mas ainda não consegue dormir. Apenas vaga pelas ramificações do pensamento. Muito bom.

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