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o desarranjo poético

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

desilusão

          
Sabe quando você é pequeno e vai à praia e não consegue resistir a sedutora ideia de construir um castelo na beira d'água?  E que aquilo pra você é mais que um simplório castelinho de areia?  Você pensa, arquiteta, quebra a cabeça, pega gravetos, ergue cada viga, cada tijolinhos e chama os engenheiros pra dar o ok final, afinal não era uma boba brincadeira de criança.
          


Se lembra como era bom olhar para aquele vistoso castelo e imaginar o mundo de pessoas que viveriam alí, que amariam seu reino (e seu Deus)?
          



E você se lembra do que sentia quando o via o mar promíscuo lamber cada pedra e grão de areia?  E que sua língua grande e morna ia aos poucos, como faz um homem sedento, avançando na pele branca da praia? E que ia roubando teu castelo de ti?  E você o via morrer, mas não podia fazer nada.


Sabe o que é engraçado?  Você já sabia dessa merda desde o começo.

e você ainda ama fazer castelos.

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