ape

o desarranjo poético

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

carnaval, cristais de lítio e pensamentos do sono de meia cama.

No alto de uma colina, não muito longe de mim, não muito longe do meu sonho, vive uma menina.

Seus sapatos pretos são sempre bem engraxados e a meias brancas sobem charmosas suas curtas pernas.  
O vestido é vermelho, combinando com seu volumoso chapéu. 

Contudo de onde estou é impossível ver seu rosto, pois há como que uma nuvem delgada (que por sinal me remete a uma daquelas belas máscaras dos bailes venezianos) cobrindo sua face escondida..  e mesmo sem expressão, sem cara, sem boca, ela sorri para mim.  só para mim.   É então que subitamente me sinto feliz, e tudo fica tomado por um colorido feérico, brilhante.  

E as cores dançam para mim.   Só para mim.

E os passáros que não existem cantam pra mim.  Só pra mim.

e então eu tento correr na direção dela, e meus pés não saiem do chão.  De repente começo a cair, e cair , e cair.
e, assustada, ela começa a correr.
e, aflito, eu tento ir.

subo a colina e a verdade cai sobre mim.
do meu carnaval só restou o fim.  





uma máscara de baile junto a grama
e um beijo jamais roubado.

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