ape

o desarranjo poético

terça-feira, 19 de abril de 2011

O sofá não parece mais uma opcão tão ruim.
A perna pra cima, a cabeça pra fora, o traseiro afundado. Tão natural.
Animal, me sinto animal naqueles metros quadrados.  Estofados
Ele não cochicha, não chora, não grita.  Abriga.  Não tenta me convencer que há algo de errado comigo.
Inimigo?  Talvez, pero muy cómodo.
Posso fazer-lhe um carinho dengoso, sem temer o olhar pesado. Dobrável.   O sofá guarda seus olhos pra si, assim ninguém saberá de seu medo.



Medo de alimentar medo.
Medo se alimenta de medo
Mundo se alimenta de quem é só
Sofás de desiludidos
Eu de pó.

Nenhum comentário:

Postar um comentário