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o desarranjo poético

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

incógnita.

Escolha bem os lápis.  Prepare as pontas com faca.  Num papel rugoso e amarelado teste o traço.  Traço gordo.  Traço magro.  Desenhe fraco um círculo tímido, círculo bobo e apático.  Deixe o risco cair, deixe que dois caiam e se encontrem.  Deixe que se beijem, e sejam um só.  Tome distãncia.


Linhas auxiliares seram úteis para a harmonia da face, mas não imprescindiveis.  Três já são de bom tamanho.  As orelhas devem ser pequenas e suaves.  Devem começar na base do olhos e terminar na base do nariz.  O nariz é deve ser apenas uma idéia, um questionamento, um exercício para imaginação.  Quantos aos lábios, estes devem ser finos e levemente entortados, levando a um meio sorriso, um sorriso sem dentes.  Rascunhe a cabeleira negra.  Tome distância.


Adicione intensidade em certos pontos da figura.  Nas extremidades dos lábios, na curva do queixo, nos sulcos abaixo dos olhos, no canto do rosto.  Podes também desenhar um pescoço interminado, magro e sedutor, levemente virado.  Deixe o cabelo negro e as sobrancelhas pretas.  Espalhe o pó do grafite em volta do rosto feminino, como um contorno, uma névoa fina.  Tome distância.


Os olhos, sem dúvida a parte mais importante.  Os olhos são profundos.  Os desenhe devagar.  Longos cílios.  Púpilas grandes.  Íris cinzenta.  É um olhar que nao brilha, e sim que pesa.  Uma beleza excitante e triste, difícil de esquecer.  Os pinte de maneira que fiquem fortes, que entrem em você, e que queimem toda sua razão.  Tome distância.



fique distante.


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