ape

o desarranjo poético

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O mágico mistério.

Lentamente as pernas chegam, nuas.
Dobram-se, fracas.  Há então êxtase, misto de cor e fantasia.  Sorrisos bandidos e confissões diluídas em saliva e mentira.  Rápido torna-se em confusão, em sentimento que espuma, amargo, pelo canto da boca e grita calado sua indecisão.


As pernas já não importam,
bom mesmo agora são as mãos, que trocam tímidos afagos.
Momentos roubados.  
Mas subitamente o rubro empalidece.  Surge o bege. É frio e brando.
O calor da vida gela os dedos e faz bater o queixo.  
Rígido como louça.  
Fraco como louça.
E a brisa fresca sopra diplomática, definitivamente nada convidativa.


As pontas de meus dedos sugerem novo caminho,
ainda que totalmente apáticas.
Penso baixo em levantar, porém sou surpreendido por novas curvas. 
Uma cintura magra de silhueta esguia.  Demasiada tentação.


Dedos que viram mãos
Mãos que viram braços 
Braços que viram abraços
Abraços que viram beijos


O hálito é morno e molhado novamente.  
O gelo derrete e ferve.
É como sangue.
É louco.


Enfim minha vista torta enxerga algo,
uma cara de incógnita no fundo do inferno.
Forço, todavia beira o impossível definir a imagem que me encara.
Talvez nem eu acredite na beleza que ví.




As cores e as incógnitas. Um mágico mistério em minha vida errante.
Jamais perto o bastante para que eu possa entender.
Jamais longe o bastante para que eu possa esquecer.




Sem aviso, o mundo começa a girar e girar feito bailarina
E meu mágico mistério afunda.
Desaparece dando lugar à uma face estranhamente excitada e perturbada.




Deus, era pra mim que eu olhava






no reflexo turvo da água da privada.

2 comentários:

  1. no fundo, sempre vai haver uma dúvida perdida no meio de tanta poesia.

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  2. e isso tudo foi tão lindo. bom conhecer quem eu leio e me inspira há um certo tempo.

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